Skip to main content

Desafios e Experiências de Brasileiros no Exterior

Morar fora do Brasil pode ser uma experiência cheia de descobertas e desafios. Aqui, estou falando de quem escolheu voluntariamente sair do país, não de migração involuntária, como no caso de refugiados. Para muitos brasileiros, essa decisão envolve uma mistura de entusiasmo e dificuldades, inclusive emocionais. A novidade empolga, mas a adaptação pode ser bem mais complexa do que se imagina. Como psicóloga que atende pessoas que moram em diferentes países, vejo de perto os desafios dessa transição.

A experiência de migração, embora voluntária, é repleta de nuances. Sair do Brasil significa abrir mão de uma série de referências culturais e afetivas: o idioma, os costumes, a forma de se relacionar. Essa mudança pode gerar insegurança, ansiedade e até crises de identidade, dependendo de como cada pessoa lida com essas transformações. Tem momentos de adaptação e também períodos de incerteza emocional, que podem afetar diretamente o bem-estar.

Entre dois mundos: a busca por identidade e pertencimento

Mudar-se para o exterior pode dar a sensação de estar entre dois mundos: de um lado, o Brasil, com sua cultura, comida, idioma e laços sociais; do outro, o novo país, com costumes e regras que nem sempre fazem sentido de imediato. A sensação pode ser parecida com essa: uma busca de tentar encontrar o equilíbrio entre quem você era no Brasil e quem você está se tornando nesse novo contexto.

Assim, muita gente sente que precisa se redescobrir, tanto em termos de sua identidade quanto em termos de senso de pertencimento. Por exemplo, uma pessoa extrovertida e comunicativa no Brasil pode se ver mais retraída ao tentar se expressar em um novo idioma, com medo de errar. Isso pode gerar um sentimento de deslocamento, como se estivesse sempre no meio do caminho entre quem era e quem está se tornando. Neste processo, surgem questões sobre quem somos em um contexto diferente, o que valorizamos e como nos vemos no mundo.

É como se o processo de adaptação fosse dividido em duas fases: primeiro, o choque entre as expectativas e a realidade do novo país; depois, a construção de uma nova rotina e identidade. Essa transição pode ser delicada e exige paciência.

Desafios emocionais: saudade e solidão

Estar longe da família e dos amigos pode ser solitário. Saudade da comida, das festas e até das expressões do dia a dia fazem parte da experiência de morar fora. Esses sentimentos são naturais, mas podem afetar a saúde emocional se não forem equilibrados com novas conexões e experiências, aumentando a importância de estratégias de autocuidado e suporte emocional.

A saudade pode surgir em detalhes inesperados: um cheiro, uma música, um prato de comida. Às vezes, parece que carregamos uma mochila com um peso extra, que em alguns momentos fica mais leve, mas nunca desaparece completamente.

Mas essa saudade também pode ajudar a criar laços. Muitos brasileiros recriam os sabores do Brasil em encontros com amigos, compartilhando um pouco da sua cultura. Esses momentos ajudam a manter a identidade e ao mesmo tempo se integrar ao novo lugar.

A solidão também pode ser uma realidade para quem está fora. O desafio é equilibrar a conexão com as raízes e a aceitação da nova vida, sem ficar preso ao passado ou isolado no presente.

Apesar da necessidade de adaptação poder incluir uma sensação de perda em relação ao que foi deixado para trás, isso não implica necessariamente em mal-estar psicológico, o bem-estar depende do equilíbrio entre perdas e ganhos, isolamento e integração.

Adaptação cultural: expectativas e realidades

Aprender a viver em outro país é como aprender a nadar em um mar desconhecido. No início, é fácil sentir que está se afogando, tentando entender regras sociais, expressões e formas de se comunicar. Com o tempo, o processo se torna mais natural, mas exige paciência e flexibilidade.

Um exemplo que parece simples, mas que faz diferença: no Brasil, é comum cumprimentar com abraços; em alguns países, isso pode ser visto como invasivo. Pequenas diferenças como essa podem gerar estranheza e até desconforto.

Além disso, o dia a dia também traz desafios: entender burocracias, adaptar-se ao ambiente de trabalho e lidar com diferentes expectativas culturais. A adaptação não é só sobre aprender regras novas, mas também sobre encontrar um equilíbrio entre quem você era no Brasil e quem você está se tornando no novo país.

Também exige um ajuste entre as expectativas criadas sobre a mudança e a realidade que se apresenta.

A Psicoterapia como apoio na adaptação

Navegar por todas essas mudanças pode ser cansativo. A psicoterapia pode ser um apoio importante, ajudando a entender as emoções e a lidar com os desafios da adaptação. Ter um espaço para falar sobre as dificuldades e encontrar estratégias para enfrentá-las faz toda a diferença.

Resumindo, morar fora tem seus altos e baixos. Pode ser um caminho de crescimento, autoconhecimento e reinvenção, mas também é desafiador. Se você é um brasileiro morando no exterior, saiba que é possível criar uma vida significativa onde quer que você esteja. E se precisar de apoio nesse processo, a psicoterapia pode ser uma grande aliada.

Thaís S. Mascotti

Psicóloga clínica (CRP 06/137999), graduada em psicologia e mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP/Bauru. Capacitada em Terapia Online. Possui Formação em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e em Terapia Comportamental Dialética (DBT). Visa proporcionar um espaço seguro de diálogo e condições para o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens e adultos.

Leave a Reply

Close Menu

Entre em contato

  • E-mail
  • Telefone
    (14) 9 9878 – 9312
  • Endereço
    Alameda Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, Quadra 12 - Jardim Brasil, Bauru - SP, 17012-191
Clique e fale comigo!
1
Fale comigo pelo WhatsApp
Escanear o código
Olá 👋
Em que posso te ajudar?