Se você chegou até aqui atraído pelo título, talvez já tenha caído na armadilha da busca incessante por qualificações para se sentir um bom profissional. Pegue um café e vamos refletir sobre por que essa corrida pode não ser tão positiva quanto parece.
O peso do marketing na pressão por qualificações
Nos últimos tempos, vejo muitos colegas da área da psicologia se dedicando incansavelmente a cursos, certificações e novas formações. A crescente oferta de cursos online tem impulsionado isso, com estratégias de marketing que apelam para o medo:
- “Se você não fizer este curso, estará prejudicando seus clientes.”
- “Sem essa técnica, você não será um profissional competente.”
- “Esse é o único método validado e eficiente.”
Esse tipo de abordagem pode nos fazer tomar decisões sem realmente refletir se aquela formação é necessária para nossa prática ou se está apenas alimentando uma insegurança pessoal.
Você está aprendendo ou fugindo da insegurança?
Atualizar-se é essencial, mas será que essa busca constante por mais cursos e certificações é sempre sobre aprimoramento profissional? Ou pode ser uma forma de esquivar-se de um medo mais profundo: o de se sentir insuficiente?
Muitos profissionais temem ser medianos ou não estarem à altura dos colegas. E, para evitar essa sensação desconfortável, buscam incessantemente por mais formação, acreditando que um novo certificado trará a segurança tão desejada.
Quando as qualificações não fazem sentido
Vou dar um exemplo pessoal: vejo colegas ingressando no doutorado e isso me faz pensar se deveria seguir o mesmo caminho. Parece um passo “natural” após o mestrado. Mas, no meu caso, trabalho exclusivamente na clínica e não tenho intenção de mudar de área. Então, qual seria o verdadeiro motivo para investir anos em um doutorado?
Fazer um doutorado exige um alto custo de tempo, dinheiro e energia. Se minha motivação fosse apenas acompanhar os outros ou evitar a sensação de estar “ficando para trás”, isso faria sentido? Provavelmente não.
Reflita: qual é a sua verdadeira motivação?
Se você sente essa pressão para se qualificar constantemente, pare e reflita:
- Estou fazendo isso por um desejo genuíno de aprimoramento ou por medo de ser visto como insuficiente?
- Esse curso, formação ou certificação realmente contribuirá para minha prática profissional? De qual forma contribuirá?
- Meu investimento (tempo, dinheiro, energia) está alinhado com meus valores e objetivos?
O autoconhecimento é essencial para tomar decisões mais conscientes sobre sua carreira. Construir uma vida profissional significativa não depende apenas de acumular certificados, mas de desenvolver uma atuação autêntica e coerente com o que você realmente deseja. A psicoterapia pode ser um caminho para isso.
E você, como tem lidado com essa busca por qualificações?