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"Eu sou muito crítica comigo mesma"
"Sempre tento agradar os outros"
"Tenho medo do que vão pensar de mim"

Você já ouviu e/ou disse (pensou) algumas das frases acima (ou algo similar)? Então, segue aqui comigo! O que é a famosa e querida autoestima, como ela se desenvolve, qual a sua importância para a nossa saúde mental, como melhorar este sentimento, quais as características de alguém que está com baixa autoestima, como podemos ajudar alguém que esteja passando por esse momento e mais, onde buscar ajuda se você não estiver conseguindo passar por isso sozinha(o). Estas são perguntas que pretendo responder no texto de hoje!

Passando os olhos pelas notícias do Google, me deparei com uma matéria na qual uma pessoa dizia que as mulheres andavam com a autoestima muito elevada e por isso eram arrogantes, creditavam todos os problemas ao outros, achando-se perfeitas demais e não assumiam mais responsabilidades sobre os acontecimentos da própria vida.

Como você pode imaginar, eu fiquei muito incomodada e senti meu dever de psicóloga dar aquele grito. Eu já dei entrevistas sobre autoestima e falei sobre este tema nas minhas redes sociais. Todavia, senti a necessidade de escrever um texto mais completo aqui (que juntasse o que eu falei em partes nesses outros veículos de comunicação).

É um texto simples de ler, busquei deixá-lo o mais didático e fluído possível. Espero que possa atingir as pessoas (não psicólogas) que precisam de esclarecimentos sobre esta questão.

O que é a famosa autoestima?

A autoestima (ou  amor próprio – um dos termos popularmente usados para se referir à autoestima) é, em resumo, um sentimento de valor, respeito e apreço que a pessoa percebe e atribui a si mesma. Em outras palavras, é a forma como nos observamos e julgamos.

Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, nós não nascemos com a autoestima, mas sim desenvolvemos este sentimento de forma positiva ou negativa ao longo da vida, e esse sentimento vai se modificando a medida que nos expomos às experiências.

Resumidamente, o sentimento de autoestima elevada pode estar associado a outros sentimentos como autoconfiança, bem-estar e satisfação com a vida; enquanto que o sentimento de baixa autoestima pode estar associado a sentimentos de inferioridade, insegurança e timidez.

Que fique claro: estar com a autoestima elevada NÃO é sinônimo de se achar perfeita(o) ou melhor do que todo mundo e atribuir todos os erros e acontecimentos negativos às outras pessoas, isentando-se de qualquer responsabilidade. Falaremos mais sobre isso.

Outro ponto que gera confusão e que precisa ser esclarecido é o fato de que o sentimento de autoestima não causa nossas ações, pensamentos e sentimentos, ou seja, não é o motivo pelo qual fazemos, pensamos ou sentimos as coisas.

Exemplificando: a frase “Maria ficou com aquele rapaz, porque não tem amor próprio” é equivocada, pois se estar com baixa autoestima foi a causadora da ação de Maria de ficar com o rapaz, o que ocasionou a baixa autoestima de Maria? É necessário, portanto, conhecer a história de vida e as relações sociais da pessoa para entender melhor essas relações.

Como a autoestima se desenvolve?

Conforme dito anteriormente, as pessoas não nascem com autoestima, mas sim desenvolvem esse sentimento durante a vida a partir de suas relações familiares e interações com seu contexto social. Isto é, de acordo com as relações que estabelecemos com as pessoas a nossa volta e as situações pelas quais passamos, vamos nos diferenciando uns dos outros, criando uma referência individual de nós mesmos.

Há inúmeras questões que podem nos levar a refletir sobre nossas relações (e mais para frente irei falar um pouco sobre o que podemos fazer para melhorar a autoestima), mas por hora eu gostaria que você parasse e refletisse: como foi (ou é) sua relação com seus pais ou pessoas que eram (são) importantes para você. Você se sentia valorizada(o) e amada(o) enquanto pessoa ou sentia que tinha que provar que valia algo? E nas suas relações sociais atuais, como você se sente?

Quando, por exemplo, os pais expressam reconhecimento, amor, mostrando o quão importante a criança é para eles, seja por meio de atenção, carinho, um gesto ou palavra afetuosa, esse tipo de relação aumenta a autoestima. A pessoa aprende a se amar ao se sentir amada e importante para os pais ou outras pessoas importantes da sua vida. Ela entende, assim, que é bom ser amada pelos outros, mas não precisa ser amada por ninguém em particular, pois, se assim fosse, se tornaria uma dependência.

Quando, por outro lado, toda vez que a criança faz algo os pais a repreendem, a criticam, se afastam ou não conversam com ela, isso diminui o sentimento de autoestima.

Qual a importância deste sentimento para a saúde mental do indivíduo?

O desenvolvimento da autoestima é, portanto, muito importante para a saúde mental do indivíduo, na medida em que, quando diminuída, pode ser um fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos como depressão, bulimia e anorexia, ou ainda o envolvimento em problemas de relacionamento. Atenção: baixa autoestima NÃO é a causa específica de nada. Seria muito fácil achar um “culpado” por tudo, mas infelizmente ou não, as coisas não caminham nessa direção.

Neste ponto, recomendo a leitura do texto “Um pouquinho sobre comportamento”.

Quando estamos com um sentimento de autoestima elevada, geralmente temos mais disposição para lidar com os problemas do dia-a-dia, somos mais tolerantes com nossos erros e os das outras pessoas, reconhecemos nossas virtudes e qualidades, mas também nossas limitações, respeitando o que é possível ou não melhorar. Somos capazes também de fazer por nós mesmos o que sabemos ser bom, sem dependência do outro.

Em outras palavras, quando estamos nos sentindo bem com nós mesmos, não jogamos a culpa de tudo o que acontece conosco nas outras pessoas, mas sim, temos a habilidade de reconhecer o que diz respeito a nós mesmos e ao outro. Também não é sinônimo de se achar perfeita(o), mas sim reconhecer que tem qualidades e falhas. Caso você esteja tendo dificuldade em fazer essa distinção, ou seja, considera que se ama, mas não consegue deixar de culpar as outras pessoas por tudo, talvez seja importante buscar ajuda profissional para te ajudar nesse processo.

Esse sentimento se torna muito importante até mesmo para a saúde física, pois a pessoa com elevada autoestima pode ser mais predisposta a se cuidar e manter-se saudável, realizando atividades que lhe proporcionem prazer.

Como melhorar a autoestima?

Para melhorar a autoestima ou desenvolver mais o sentimento de amor próprio é importante, inicialmente, voltar o olhar para si mesmo para conhecer-se melhor. Refletir sobre como foi sua história de aprendizagem com seus pais e pessoas próximas a você quando criança; pensar também sobre como é sua relação hoje com outras pessoas que são importantes na sua vida.

Esse olhar, é claro, deve ser feito com gentileza, compreensão e respeito, afinal, o objetivo não é identificar “culpados” ou os responsáveis pela elevada ou baixa autoestima, mas sim entender como ela se desenvolve para então analisar o que é possível ser feito para mudar, se necessário.

Buscar identificar e questionar pensamentos negativos para revê-los (como “ninguém me ama” ou “eu sou um fracasso”) e o que você tem feito de positivo e de prazeroso no seu dia-a-dia, suas pequenas conquistas, todas as dificuldades que já superou, também é um bom exercício. Do mesmo modo, é válido prestar atenção para aspectos da saúde física, como dormir o suficiente, praticar exercícios físicos e ter uma alimentação saudável.

Nesse processo de autoconhecimento cria-se um caminho para reformular conceitos construídos sobre si mesmo, possibilitando reorganizar-se e descobrir alternativas de atitudes que lhe permitam satisfazer as próprias necessidades, sem exigir do outro o que pode dar a si mesmo. Expor-se a novas experiências, enfrentando desafios que você realisticamente tem como realizar, também pode auxiliar a desenvolver autoconfiança e autoestima.

Quais são os indícios de uma pessoa que está com a autoestima baixa? E o que fazer para ajudá-la?

O sentimento de baixa autoestima geralmente pode vir associado a sentimentos de inferioridade, incapacidade, inadequação, solidão ou ainda a pessoa pode sentir que não é amada por ninguém, podendo ter dificuldades de se relacionar ou manter relacionamentos.

Ao sentir-se incapaz, a pessoa pode evitar se expor a novas situações, exatamente o que poderia ajudar a desenvolver novos repertórios e melhorar o sentimento de autoestima. Também pode ter dificuldade de resolver problemas e se relacionar socialmente, se comportando de forma retraída e com timidez, o que pode ser interpretado pelos outros de forma equivocada (como se a pessoa fosse “metida”).

Além disso, como a pessoa com baixa autoestima sente que ninguém a valoriza ou a ama, pode haver cobrança e exigência de afeto no relacionamento, gerando no parceiro ou parceira o sentimento de que nunca é possível agradar. É um risco também colocar-se em relacionamentos abusivos e sem direitos. Isto a coloca em uma situação de vulnerabilidade, pois se há a necessidade de sentir uma segurança afetiva vindo do outro, é verdade que nem sempre o outro vai estar disponível quando ela precisa.

Para ajudar alguém que esteja com a autoestima diminuída, você pode começar sendo empático e demonstrando apoio, reconhecendo as pequenas conquistas e sucessos da pessoa, ajudando-a a reconhecer suas habilidades e qualidades.

Procurando ajuda

Caso você:

  • tenha se identificado com algum ponto discutido anteriormente;
  • esteja se sentindo muito insegura(o);
  • tem medo de se expor a novas situações;
  • se compara e critica demais;
  • sente receio de falar o que pensa e expor suas opiniões;
  • se sente inferior aos outros;
  • busca sempre agradar as pessoas e acredita que ninguém te retribui da mesma forma;
  • ou qualquer coisa do gênero;
  • e, além disso, sente que tudo isso tem te trazido muito sofrimento, ansiedade e angústia e está interferindo em várias áreas da sua vida…

Saiba que você pode procurar a ajuda de um psicólogo que atue na área clínica.

A autoestima é desenvolvida com os elementos fornecidos de relações familiares e sociais. Esses elementos, entretanto, nem sempre fornecem informações positivas a respeito de si próprio e, à medida que o indivíduo cresce precisa-se identificar quem
verdadeiramente ele é e assumir a responsabilidade pela própria existência (Silva; Marinho, 2003).

Thaís S. Mascotti

Psicóloga clínica (CRP 06/137999), graduada em psicologia e mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP/Bauru. Capacitada em Terapia Online. Possui Formação em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e em Terapia Comportamental Dialética (DBT). Visa proporcionar um espaço seguro de diálogo e condições para o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens e adultos.

2 Comments

  • É realmente muito interessante esta matéria, sem autoestima a pessoa praticamente não vive ela simplismente existe, e por isso é um assunto que precisa sim ser tratado póis há muitas informações não exploradas pela sociedade.
    Enfim todos que colaboraram com este conteúdo está de parabéns, pretendo voltar mais vezes aqui.

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