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Psicoterapia

Ficar ou terminar? Eis a questão!

By 13 de março de 2021janeiro 17th, 2022No Comments

Ficar ou não em um relacionamento, permanecer ou terminar? Creio que muitas pessoas já passaram ou vão passar por esse tipo de conflito em algum momento da vida e está tudo bem. Neste texto, vamos falar um pouco sobre alguns dos motivos pelos quais podemos continuar a nos relacionar com alguém e alguns conflitos que podem surgir na hora de pensar sobre qual caminho tomar em relação a permanecer ou sair de um relacionamento.

É claro, não tem como esgotar o tema em apenas um texto e não é nossa intenção dar uma resposta mágica ou fórmula secreta de como tomar a decisão mais correta que a(o) deixará blindada(o) contra arrependimentos, tristeza, frustrações, isso não existe, ok?! Cada caso é único e precisa ser visto com cuidado, mas esperamos que seja um espaço inicial de reflexão.

O que nos motiva a querer manter uma relação?

Os tópicos a seguir são apresentados individualmente, mas na vida real, uma somatória de fatores acontece ao mesmo tempo.

Um ponto importante: em casos de relacionamentos abusivos há pontos específicos sobre a permanência na relação. Para ler mais sobre essas especificidades há um e-book gratuito sobre este tema. Para acessar, basta clicar aqui.

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Quando o relacionamento apresenta mais pontos positivos do que negativos.

Toda relação envolve aspectos positivos e negativos, coisas que nos dão prazer e coisas das quais não gostamos e acreditamos que poderiam ser diferentes; todavia, os aspectos positivos e que trazem algum tipo de prazer podem ser preponderantes em relação aos negativos e isso contribui para mantermos o relacionamento.

Por exemplo, você pode ter uma relação que proporciona afeto físico, companheirismo, confiança, diversão, boa comunicação sobre a vida financeira, a possibilidade de diálogo sobre assuntos diversos, mas que tem conflito em apenas um ponto em específico, como quem leva o lixo para fora ou o que vão decidir para comer.

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Quando as coisas agradáveis ou os pontos positivos que a relação traz são muito importantes para você.

Isso quer dizer que, às vezes, podem ter algumas coisas desagradáveis na relação, mas as agradáveis têm um valor maior ou podem estar relacionadas a coisas mais importantes para você.

Por exemplo, se ter uma relação com companheirismo é um valor importante para alguém, talvez manter uma relação que atenda a esse critério, também signifique conviver com divergências em outros aspectos.

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Quando permanecer na relação parece indicar mais condições agradáveis e menos condições desagradáveis do que sair.

Às vezes, podemos ter o pensamento de que sair de uma relação irá trazer muito sofrimento ou coisas negativas e podemos tentar nos apegar a qualquer coisa que possa parecer positiva na relação para não ter que enfrentar esses temores. Todavia, é preciso ter cuidado para não permanecer em uma relação apenas pelo medo do que pode acontecer ao sair.

A experiência pode ser bem diferente do que imaginamos. Assim, quando estamos diante de uma decisão é preciso avaliar. Quando as coisas estão bem em um relacionamento geralmente as pessoas se sentem felizes a maior parte do tempo. Caso contrário, é um alerta! Por exemplo, se dentro da relação existe mais angústia do que alegria, pode ser que fora dela as coisas não sejam tão dolorosas assim… São possibilidades!

No final do texto temos algumas perguntas para que você comece a refletir sobre como você está vivendo o relacionamento.

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Quando as coisas agradáveis ou positivas da relação não são obtidas facilmente fora dela ou quando não temos habilidades para produzi-las fora da relação.

Podemos nos manter em uma relação por receio de que não iremos conseguir tão facilmente as coisas positivas que tínhamos na relação se estivermos fora dela; ou ainda, pode ser que realmente não tenhamos como obter imediatamente essas condições fora da relação. Quando não temos desenvolvidas algumas habilidades, ou não temos autonomia financeira ou outras condições nas quais nos sentimos bem ou confiantes fora da relação, podemos acabar dependendo da pessoa que traz isso (como nos casos de dependência financeira ou emocional) e podemos sentir angústia frente a decisão de terminar e sair da relação.

Aqui também é preciso ter cuidado para não confundir dependência com valorização. Por exemplo, numa relação é interessante ter planos em conjunto, convivência, parcerias, mas também é importante ter planos, objetivos e experiências de maneira individual. Quando há dependência normalmente os contextos e possibilidades ficam sob controle da presença de alguém. Já na valorização, existe o reconhecimento e aproveitamento de pontos positivos do relacionamento, mas também há vida fora dele.

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Quando há perspectivas de manutenção das condições agradáveis.

Por exemplo, mesmo que exista algum problema, há a possibilidade de entender o que está havendo e negociar em conjunto. Imagine que uma das partes da relação deseja passar mais tempo juntos. Apesar do desconforto existente, existe um diálogo em que ambas as partes podem se colocar, entender o que está ocorrendo e participar de uma negociação. Em linhas gerais, existe o acolhimento e a resolução é mais agradável do que o incômodo anterior.

Agora, imagine um relacionamento em que não há possibilidade de diálogo. Todas as vezes em que a pessoa tenta conversar, acaba virando uma briga sem solução, não importa a maneira que fale. Com o acúmulo de brigas pode ocorrer desmotivação em estar ali.

Resumindo, quando não há perspectiva, podemos nos desmotivar a permanecer na relação.

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Quando há controle aversivo que impede o término.

Nesse caso, esse controle pode ser por meio de ameaças do parceiro, exigências da família, limitações econômicas, ou ainda pressão social.

O controle pode vir do próprio parceiro(a), dizendo coisas como: “ninguém te amará como eu!”, “se você me deixar, vai perder tudo” ou “ninguém aguenta os seus defeitos!”. São afirmações que não são necessariamente baseadas na realidade, porém, podem causar dificuldade na pessoa que está fragilizada emocionalmente.

Não raro as pessoas dizem “antes só do que mal acompanhado(a)”, mas na prática não é tão simples. Pode ser difícil ter que lidar com colegas dizendo: “não deu certo novamente?” ou com familiares comentando em reuniões: “vai ficar para titia!”. Pode ter forte controle para a pessoa ficar com alguém que não deseja!

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Quando temos um padrão de seguimento de regras.

Podemos ter mais dificuldade de enxergar a opção de sair de uma relação como uma escolha possível, quando seguimos ou acreditamos em regras sociais muito rígidas, como: “casamento é para sempre” ou “separação significa fracasso” ou “só se ama uma pessoa na vida, se terminar nunca mais amarei ninguém”.

O que produz a indecisão de ficar ou sair?

Antes de prosseguir com a leitura, é importante dizer que estar em conflito sobre sair ou permanecer em um relacionamento não é sinônimo de que você tenha que odiar a outra pessoa ou que o outro seja uma pessoa ruim.

Em alguns casos, a pessoa pode gostar do outro com quem se relaciona, mas avaliar que não quer mais ficar na relação, não é tudo ou nada (oito ou oitenta) e está tudo bem. Dito isso, vamos à alguns pontos de reflexão sobre o que pode contribuir para a indecisão de ficar ou sair de um relacionamento:

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Quando as consequências das opções de ficar ou sair da relação são, de certa forma, equivalentes em relação a ganhos e perdas.

Por exemplo, escolher sair da relação pode significar terminar com conflitos diários e ter acesso a consequências positivas que não tinha antes (como maior liberdade para tomar suas decisões). Ao mesmo tempo, se escolher ficar na relação, pode continuar com maior estabilidade econômica ou ter filhos mais próximos.

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Quando há uma probabilidade indefinida de ganhos fora da relação, principalmente os de médio e longo prazo.

Aqui podem aparecer questionamentos como “Irei encontrar alguém depois disso?”, “Conseguirei me reerguer?”, “Meus amigos falam que está difícil, será que vou me arrepender se terminar?”.

Realmente, a insegurança pode aparecer diante do cenário de não sabermos se (e quando) começaremos a nos relacionar novamente.

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Quando as consequências envolvidas são de grande magnitude: sociais ou econômicas.

Por exemplo, terminar uma relação pode envolver mudança de casa, mudanças sociais, ter que lidar com as reações de outras pessoas, mudanças financeiras. Pode gerar angústia, ansiedade, tristeza, estresse.

Qualquer mudança deve ser considerada de acordo com as possibilidades disponíveis e o tempo de adaptação. Ao começar o relacionamento o cotidiano é alterado. No caso de término, também!

O que produz a indecisão de ficar ou sair?

Diante desse panorama geral do que pode nos motivar a permanecer em um relacionamento e de quais fatores podem gerar indecisão de qual a melhor escolha, podemos tentar responder algumas perguntas para nos ajudar a refletir sobre a nossa própria experiência:

Por que você acha que permanece (ou permaneceu) com essa pessoa? O que lhe motivou durante esse tempo?
Diante dos problemas enfrentados no relacionamento, o que foi feito para mudar?
Independentemente da pessoa com quem você está se relacionando, como seria uma relação ideal para você? Em quais aspectos isso se aproxima do que você tem atualmente? E em quais aspectos se distancia?
O que é tão positivo ou agradável na relação (por exemplo, o sexo, status social, segurança afetiva, condições financeiras)? É importante responder de forma sincera.
E por que é tão positivo ou importante? Por exemplo: se as condições financeiras é o que mais importa, por quais razões isso é tão importante? Como anda sua vida nesse aspecto fora da relação?

O que é tão punitivo ou aversivo na relação (por exemplo: cobranças e reclamações)?
Por que é tão aversivo?
Quais as suas prioridades atuais na vida?

Como seria a vida separados?
Quais as suas perspectivas e estrutura de vida (perspectivas amorosas, financeira, etc.)? Se essas perceptivas forem baixas, busque refletir sobre como trabalhar para que as perspectivas de autonomia sejam melhores para que a escolha de permanecer ou sair da relação seja com base na agradabilidade da relação e não na dependência. Da mesma forma, ampliar perspectivas de pontos positivos fora da relação, visando a independência.

Bom, esperamos que esse tenha sido um espaço inicial de reflexão e que possa servir de base para começar a pensar de forma mais crítica e consciente sobre essa decisão de permanecer ou terminar uma relação. Lembrando que nem sempre esse é um processo fácil ou rápido.

Caso esteja enfrentando dificuldades para lidar com essa questão, fique à vontade para entrar em contato.

Sobre as autoras:

Psicóloga Thais S. Mascotti

Psicóloga clínica, graduada em psicologia e Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP/Bauru. Capacitada em Terapia Online (ITO), com formação em Terapia de Aceitação e Compromisso – ACT/ Paradigma e em Terapia Comportamental Dialética – DBT/ Ello. Realiza atendimento de psicoterapia online e presencial visando proporcionar um espaço seguro de diálogo.

Psicóloga Karina Orzari Nascimento

Formada em psicologia e Mestra pela UNESP – Bauru. Realiza especialização em terapia comportamental pelo ITCR – Campinas e capacitação em terapia online pelo ITO.
Atende adultos, idosos e casais de forma online. Trabalha com supervisão para estudantes e recém formadas em psicologia; ademais, trabalha com serviços educativos como rodas de conversa e palestras.

Agradecimento

Agradeço à psicóloga Karina Nascimento por aceitar o convite para contribuição de ideias para complementar o texto e pela revisão atenciosa! ♥

Thaís S. Mascotti

Psicóloga clínica (CRP 06/137999), graduada em psicologia e mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP/Bauru. Capacitada em Terapia Online. Possui Formação em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e em Terapia Comportamental Dialética (DBT). Visa proporcionar um espaço seguro de diálogo e condições para o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens e adultos.

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